sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Aldebarã Pentateuco, a Amiga

por Aldebarã Pentateuco, a Amiga


Caros vocês, perdoem-me o atraso. Ocorre que eu me dedicava à paleontologia e à composição de valsinhas. Que Santo Jupercimo me perdoe, mas desde o término do ensino médio minha vida se resume a um pedaço de desgraça. As dívidas se acumularam, Dalila comeu meu cartão do bolsa-família e, aos poucos, fui perdendo minha gostosa gargalhada.

Permitam que eu me apresente: sou Maria Lúcia Soares, 32 anos, enfermeira, recém-casada e mãe de dois lindos filhos. Brincadeirinha. Sou eu mesma, Aldebarã Pentateuco, a Amiga. Conselheira sentimental (desde pequena), paisagista (quando embriagada), jornalista (gostosa), comunista (quando menstruada) e brasileira (durante o carnaval).

Despontei-me no cenário jornalístico mundial anos atrás, através do The Jannah Wilson News, tablóide semanal voltado para os interesses da elite burguesa (classe AAA+). A questão é que eu me via uma sádica babaca cantando bossa-nova para americanos, e ignorando crianças famintas na esquina, tiroteio no morro e mulheres dando à luz oito bebês. No entanto, preguiçosa que sou, nada fiz. Até que um dia uma bomba caiu lá na edição, matando 34 pessoas. Acredito que foi mais um exemplo de terrorismo cometido pelo Google®, Jordaniana acha que o grupo GLS local é o responsável pelo feito. A conseqüência foi que, devido a esse fato, interrompemos o nosso ‘fazer jornalístico’, o nosso pudor, o nosso ideal, o nosso banheiro.

Mas os tempos mudaram, Obama ta-aí, Phelps está fumando maconha (danadinho), e a Hebe C’Amargo está de volta nas segundas (ao vivo, mas desbotada pelo tempo). E o Jannah Wilson está de volta! Nesse fascinante recurso de armazenamento de informações, fotos pornográficas e entretenimento (orkut, msn, wikipédia) que é a internet, cantaremos agora para vocês, desempregados da crise, negros mal-dotados, petistas, turistas alemães, vacas, Testemunhas de Jeová, motoboys, pamonhas, virgens e até (argh!) canhotos.

Agora coloquem seus dedos indicadores no monitor, fechem os olhos, contem até três e digam ‘We Can!’. Sentiram a mudança? Então venham conferir nossas ideias (sem acento, mais ainda revolucionárias), compartilhar críticas literárias, receitas de empadão e carícias (sexo, bolacha).
Prometemos fornecer material jornalístico com absoluta objetividade, além de soluções para se libertar das drogas e da AIDS, maneiras de se fazer chover no sertão, resumo ilustrado das novelas, dicas de etiqueta para não fazer feio durante uma festa evangélica, simpatias, deliciosas formas de suicídio, depilação com bolacha de cerveja, estilos de se masturbar com a barriga e o cuidado necessário ao utilizar adubo no cultivo da soja.

Feito o convite e a promessa, finalizo minha postagem com três comunicados. O primeiro reserva-se ao Sr. Aquecimento Global. A menos que o senhor realize algo realmente catastrófico (destrua um continente, ressuscite os dinossauros, queime o pão-de-queijo), não terá espaço algum nesta ilustre coluna. Estou cansada (o) de inventivos profetas com promessas que não se concretizam.

Meu segundo aviso destina-se a balconista da padaria próxima de minha casa no campo. Funcionária J.J.S., espero que a partir desta publicação, vossa serventia passe a ter o bom-senso de me tratar com menos desprezo quando eu for comprar massa de pastel. Caso não se torne mais afável, serei forçada a obriga-la decorar todas as músicas de Baby do Brasil, lavar sua boca com sabão (feito com banha humana), capinar meu quintal, comprar (com seu dinheiro) sorvete, imitar um passarinho. Vou à padaria para me sentir servida, não humilhada. Quando quero ser humilhada vou à Igreja.

Meu terceiro e último comunicado é na verdade uma congratulação. Parabéns Banda Apocalypso, pela merecida e inesperada indicação ao Prêmio Nobel da Paz. Chimbinha e Chimbona provaram que são, realmente, o genro e a nora que todo sertanejo do Caicó queria ter, pela força, voz e raça com que conduziram a população do Pará pela jornada até o... Pará! Miserável de mim, iludida que só, que acreditava na chegada do Nobel ao Brasil através do nosso queridíssimo Paulo Coelho.
Legalize já, zoofilie-se já! Acrescento a meus devaneios tolos a esperança de, numa aurora, os homens e animais acordarem em perfeita comunhão. Aquela que lá se vai, na estrada verdejante, acompanhada de uma cabrita e de muitas fantasias, se vai. É hermafrodita, mas se vai. É verde, mas se vai. É zoofílica, mas se vai. É Aldebarã Pentateuco, a Amiga.

Um comentário:

  1. Com esse culto a Zoofilia, Aldebarã não tem medo de ser sequestrada novamente?

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